E falando em aconhego, o teatro do Sesc, onde ocorreu esta apresentação de gala, é com certeza um dos mais confortáveis de São Paulo. A começar pela área social com o café. Assistir este show sentado tinha tudo a ver! Outro ponto que não se pode deixar passar é o projeto que trouxe esta apresentação do Varsóvia aos fãs da icônica banda post punk do ABC paulistano. Se trata do projeto "Álbum - Discos Obscuros", uma forma de resgatar os clássicos de vinil da música brasileira feita em outrora, para entender nosso presente e o futuro dentro do contexto artístico e musical. E num projeto deste, impossível não "resgatar" o disco "Varsóvia", lançado pela Ataque Frontal em 1987.
E se a canção "Noites", o hit underground que foi o cartão de visita do Varsóvia na década de 80, diz que "Não adianta acreditar em heróis", a noite de 23/05/2015 paradoxalmente me dizia o contrário. Como não acreditar no que meus olhos viam quando no telão localizado no palco, imagens de fumaça e o nome Varsóvia, junto com o nome dos integrantes da formação atual, surgiram?
Formado hoje por Alexandre Saldanha ( guitarra), Felipe Marquioro (baixo), Dario Brait ( bateria), Hamilton Dona (Teclado) e o frontman Fábio Gasparini (voz), não teve como não se arrepiar e sentir-se catapultado por alguns minutos diretamente à atmosfera 80, década que definiu boa parte do meu gosto pessoal no tocante à música e arte em geral.
Aos primeiros acordes de "A onda" e seus versos como "Outro dia negro/ Outro dia cinza/ Meus olhos no asfalto..." a ficha finalmente caiu e pude acreditar que se tratava daquela banda que tanto disse ( e sempre diz) ao coração de uma ainda criança que passava horas ouvindo a extinta 97 FM de Santo André e a 89 FM, na esperança de gravar o som do Varsóvia numa fita k7.
Aos primeiros acordes de "A onda" e seus versos como "Outro dia negro/ Outro dia cinza/ Meus olhos no asfalto..." a ficha finalmente caiu e pude acreditar que se tratava daquela banda que tanto disse ( e sempre diz) ao coração de uma ainda criança que passava horas ouvindo a extinta 97 FM de Santo André e a 89 FM, na esperança de gravar o som do Varsóvia numa fita k7.
E o que para alguns pode até parecer nostalgia, na verdade não o é. Muito mais centrados no aspecto da arte musical do que no "mainstream" ou em "aparecer", longe dos holofotes, o Varsóvia preza pela simplicidade e sinceridade, numa espécie de rock intimista e denso, cuja presença de palco de Fábio Gasparini consegue refletir de maneira nítida. Com uma das vozes mais marcantes do "B Rock", a postura simpática, tímida e até de certa maneira introvertida de Fábio no palco, mostra uma plena identificação entre a atmosfera da música do Varsóvia e as letras poéticas e reflexivas. E por que não dizer da identificação com o Joy Division, a clara, nítida e maior influência do Varsóvia?
Influência aliás que recebeu homenagem através do cover "Transmission", de Ian Curtis e companhia, um dos momentos mais marcantes do show, junto com "Viagens" e "Noites", aplaudida de pé no bis da banda.
E eu tenho certeza que muitas "noites vão passar" de maneira frenética, até porque, eu tenho percebido que o tempo passa cada vez mais rápido, principalmente quando estou do lado de quem eu amo. Porém, elas também podem ficar. A noite de 23/05/2015 é uma das que ficam, cujo gelo não se quebrou nem se desfez. Se eternizou, na memória, nos registros fotográficos toscos do celular, e embora eu sei que seja piegas, eu preciso encerrar este texto dizendo que se eternizou no coração de quem lá esteve.
Obrigado Varsóvia.
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