fanzine que marcou presença circulando em caixas de correio por meio de selo social com cola em distintas localidades do país.
para os saudosistas e cafeinados, a volta daquele que foi comprar cigarros e nunca mais voltou...
Disponibilizei online o resultado final de um trabalho dos mais significativos deste ano. Falo da edição "sem açúcar", do fanzine "Meus Amigos Bebem Muito Café". Com esta temática, diversos artistas teceram ilustrações, fotografias, textos, dando sua visão sobre o liquido negro mais importante que o petróleo.
Segue aqui o links pra ler, baixar e disseminar aos 4 cantos.
ENJOY!
Você já ouviu falar do Breakout Brasil? é um programa do canal Sony Spin que está em busca de novos talentos! Apresentado pela lenda underground Edu K ( de falla) , tive a notícia que entre os inscritos no concurso, está a clássica banda de ska Sapo Banjo! Se você pegou aquela cena neo-ska com hardcore dos anos 90, pulou muito skarnaval no hangar 110 e colava nos shows na pista de skate de São Bernardo, sabe do que tô falando. Uma das bandas mais bacanas que surgiu naquela época, e que se mantém na ativa com muita integridade e o principal elemento, diversão, até hoje! Quem quiser votar nos caras e dar uma força, faça isso pelo link: http://www.breakoutbrasil.com/breakoutBrasil/entry/SAPO-BANJO. Você pode baixar a discografia neste link: http://www.sapobanjo.com/2011/06/albuns-para-baixar.html Deixo aqui um dos clássicos dos caras, pra você conhecer ou matar saudade!
Hangar 110 aparentemente vazio em uma sexta à noite para a
punktoberfest 2012. Qual seria o motivo? Segundo alguns, o último capítulo da
novela e a revelação bombástica de quem matou Karl Marx. Nem precisa ver a
novela pra saber que foi o sistema capitalista.
O Danilovers abriu a noite fazendo um som que me lembrou um
pouco Green Day com um visu Toy Dolls, ou algo assim. Deu pra perceber letras
irônicas, engraçadas e tal.
Na sequência o Sanitarium lançou um hardcore sem firula, com
boa pegada, presença e cover de ratos de porão (AIDS, pop, repressão), como um
dos pontos altos da apresentação dos guris.
Foi então que o Deserdados adentrou depois de alguma espera
no clássico palco da casa mais emblemática do punk contemporâneo! No fim dos
anos 90, começo de 2000, tive o privilégio de dividir o palco com eles, pode
parecer bobeira e romântico, mas foi demais tocar com os caras que conheci por
meio da coletânea SP Punk com “não quero mais” e “punk até a morte”. Ontem
assim que soaram os primeiros acordes do “rock de combate” (termo que cai
perfeitamente de acordo com a proposta de som da banda) me veio a mente toda
uma época e a alegria de ver que os caras tão cada vez melhores naquilo que
fazem: punk! Celo, Lambão e Favela levantaram o público que a esta altura já
estava em maior número, com clássicos como “mau exemplo”, e tantos outros. Show
foda, banda foda, vibe foda!
Encerrando a noite, o lendário Inocentes, com Clemente e sua
trupe, soando mais pesado do que eu me lembrava! Este show alimentou ainda mais
minha ansiedade pelo próximo lançamento dos caras. Não pude ver o show todo,
mas sai fora logo após o hino punk “desequilíbrio”, e ao menos na minha
concepção, senti que os caras tão ai ate hoje porque nutrem paixão por aquilo
que fazem. O festival Punktoberfest continua hoje com as bandas Lomba Raivosa,
Merda, Leptospirose e Cólera, mas infelizmente não poderei comparecer!
Desde que comecei a fazer fanzines lá pelos idos dos anos 90, sempre tive vontade de entrevistar e trocar uma ideia para publicar em zines com duas pessoas. Uma foi o Redson do Cólera, até tentei por carta na época, mas acho que sequer chegou até ele.A Outra é o Nenê. Segue na íntegra histórias curiosas como a treta da turnê gringa do Sick terror, o futuro do Dance of Days e curiosidades que só quem está há tanto tempo na estrada e tem bagagem do que é a essência do faça você mesmo pode compartilhar.
Dance of Days, época de "a história não tem fim"
1 – O Dance of Days sempre
foi uma banda que falou de visões
pessoais e políticas, mas, ainda assim, muita gente teve e tem preconceito com o
trabalho de vocês. Ao que você acha que isso se deve?
Nenê
Altro –Em
2001 lançamos um disco em português, nadando contra toda a corrente de 90% das
bandas de nossa geração. O disco abria com uma música contra homofobia chamada Se Essas Paredes Falassem e vendeu
18.000 cópias defendendo “um outro lugar
onde marte ama marte e vênus possa passear de mãos dadas com vênus”. Esse
foi um choque numa cena que, por mais que se afirmasse “moderna” ainda tinha muito de moralista e, principalmente,
homofóbica. E nós abraçamos essa luta colocando a cara pra bater, de que a
pessoa não tem que ser homossexual pra ser contra a homofobia, que pode ser
branca e ser contra o racismo, que a luta contra o preconceito era e é uma luta
de todos. E pensamos isso até hoje. Mas isso, na época, gerou o estigma entre a
galera que se sentiu ofendida com essa postura. Mas enfrentamos. Sempre
enfrentamos. Só com o “História” foram
18.000 cópias não só contra homofobia, mas falando de ateísmo (Vinde a Mim),
contra a luta partidária (Corvos do Paraíso), contra a opressão do sistema de
trabalho (Carro Bomba) e celebrando a vida, o amor e os bons sentimentos
humanos. A verdade é que o pessoal aqui
sempre foi muito cabeça fechada, tanto que dezenas de bandas de rock ogro
continuam a fazer a cabeça da molecada e a galera “acha o maior barato”. O povo daqui também não entendeu a “fase The Damned” da banda em 2005, com
o Lírios Aos Anjos, acho que tudo isso gerou essa coisa toda idiota do
preconceito com a banda.
2 - Você acha que as coisas mudaram
desde essa época do “História” até hoje, nesse sentido?
Nenê Altro – Às vezes acho que está
melhor, às vezes acho que pior... está uma fase bem estranha. Em 2001 o link
com o punk, com a essência da coisa toda, era muito forte... A galera fazia
música pra se expressar, independente do estilo, independente de sua música ser
influenciada por Conflict ou por Mineral, o importante era por pra fora as
coisas que gritavam no peito. Hoje tem isso ainda, mas acho que tem dois
fatores bem perigosos, um que, por um lado, muita gente que está no meio não
faz nem ideia de como a coisa começou, não quer nada além de sucesso a qualquer
custo e essas coisas, e o outro que existe uma tolerância com a burrice e a
ignorância que deixa cada vez mais atitudes preconceituosas, homofóbicas,
nacionalistas e religiosas passarem batido, pois “agora as coisas são assim”. Não gosto disso, não foi com isso que
me envolvi e luto para mostrar que a gente não faz parte dessa merda aí, que
temos sim posturas claras e que fazemos parte do punk, da cultura combatente
que nos levou a montar uma banda, antes mesmo de estarmos juntos no Dance of
Days.
3 - Você citou essa
“fase The Damned” de 2005, do Lírios Aos Anjos. Porque você acha que ela foi
tão mal compreendida?
Nenê Altro – Nessa mesma época o “emo” estava estourando por aqui, não a
coisa que acompanhamos no início do Dance of Days em 1996 com o Revolution
Summer de Washington dos anos 80 e muito menos a cena que veio na nossa época
com a JadeTree, a Initial, a Doghouse, mas a das bandas estereotipadas de
franja que infestaram as rádios brasileiras em 2004-2005, dessa cena do olho
pintado, do Good Charlotte e essa parada toda aí que se convencionou chamar de “emocore” por aqui.E por mais que eu
usasse só as camisetas das bandas góticas que eu mais amava desde a
adolescência (é só olhar o encarte do Valsa!), do Bauhaus, do Neubauten, do
Sisters, ou todas as camisetas do The
Cult que eu tinha no armário, se as pessoas não tinham o link com o punk,
imagine com o pós punk! Elas sequer sabiam quem era Ian Astbury!E a geração
mais velha, que sabia, não se misturava com essa nova. Então acabaram achando
que era tudo a mesma coisa. Chegou uma hora que cansamos de explicar e mandamos
todos à merda. Sempre soubemos o que fazíamos e até hoje sabemos o que somos, isso
é o que mais importa.
4 - Nenê, lembro do
seu projeto Awkward. Fui num show que era na Rua Pamplona, junto com
Dominatrix, Paura e outras bandas. Não sabia quem era você, mal tinha ouvido
falar de Personal Choice , porém lembro de todos falando “é a banda nova do Nenê
Altro”. Devia ser 1997, 98... Não sei ao certo... Aquele show me marcou, porque
via que vocês erravam quase todas as músicas, e eu achava aquilo incrível! Você
lembra desse dia? O que o Awkward significou pra você e o que ficou de legado
da banda?
Nenê Altro –Lembro
sim, foi em 31 de Janeiro de 1999. Acho que foi nosso primeiro show, com
Dominatrix, Paura, Sight For Sore Eyes e Extremo. Na verdade não era que
errávamos tudo, era que estávamos bem indecisos quanto a sequência das músicas e
nervosos por ser o primeiro show rsrsrs Enfim, se você
pegar as músicas ao vivo que estão no fim daquele cd 1997/1998 do Dance of
Days, você consegue entender a praia que eu estava quando o Dance deu aquele
break e eu formei o Awkward com essa galera. Gostávamos de Elliot, Texas Is The
Reason, Mineral... Foi uma banda muito boa, e era um momento muito mágico na
cena hardcore, onde todo mundo estava descobrindo novas bandas e cenas. Muita
gente que estava nesse show da Pamplona formou bandas depois, como Out of
Season e Anyone. Bandas que foram muito boas e presentes na época... Estou
tentando forçar a cabeça aqui, mas acho que a história foi a seguinte, com o
break do Dance of Days eu formei o Bastard In Love, com a galera que era do
Default e do Pudding Lane. Quando o Bastard In Love acabou, eu montei o Awkward
com o guitarra do Bastard In Love e a galera que vinha do Landscape, Extremo e
Supermarket e o restante do Bastard In Love montou o Hurtmold, que está aí até
hoje. O Bastard In Love chegou a gravar bastante coisa, tínhamos uma demo, duas
músicas na coletânea “Something. Nothing. Everything.” (inclusive uma chamada
Crutch que alguns anos depois virou “Muletas” no Sick Terror), uma faixa no
Tributo Ao Olho Seco lançado aqui em cd pela Red Star e lá fora em LP pela
HöhNIE Records e um split ep em vinil lançado nos EUA pela Moo Cow Records, com
a banda Cameran.
Do Awkward, infelizmente, só ficou registrada a música Candle
Light Tears (que falava sobre os desaparecidos políticos da ditadura) na
coletânea “The FireBeneath The Machine”, que eu lancei pela Teenager In a Box,
que também tinha At The Drive-In, Silver Scooter, SevenStorey Mountain e uma
porção de bandas que faziam parte da mesma cena e que se correspondiam na época
via carta. Com o fim do Awkward eu formei o Sick Terror e, logo na sequência,
voltei com o Dance of Days, já com o embrião da formação que está até hoje. No
Sick Terror fiquei até 2004, em paralelo com o Dance. É mais ou menos isso aí
rsrsrs
(obs: o show que citei, que eu estava presente, está disponível no youtube, incrível rever isso!!!!)
5 - Ainda falando de
suas outras bandas, vi também o Nenê Altro & O Mal de Caim pouco antes da
banda acabar, no projeto Rock na Vitrine, lá na Galeria Olido, idealizado pelo
Luiz Calanca da seminal loja Baratos e Afins. Aquele foi o último show? Há
intenção de voltar com a banda ou você nem pensa nisso?
Nenê
Altro –Acho
que teve mais um show depois disso, na Livraria Da Esquina... Bom, o Mal foi
uma banda que gostei muito do início ao fim, que tocou muito, que lançou um cd
bem legal de death rock (EuremaElathea), e que ia lançar um dos cds que mais
fazem falta em minha discografia pessoal, pois representava musicalmente todo
fim do ciclo de vida que detalhei em meu segundo livro, “O Diabo Sempre Vem Pra Mais Um Drink”, que, aliás, seria também o
nome do disco do Mal (a ideia era lançar na mesma época).
A Pisces ainda pensa em lançar esse cd, o que
eu ia achar bem legal pra não ficar com essa lacuna na minha carreira, mas
voltar com a banda não rola, pois as coisas dizem o que tem que dizer na época
que gritam em seu peito, e não faz mais sentido pra mim cantar tanta tristeza.
Os caras seguiram com suas bandas e eu segui com as minhas, cada um com suas
histórias e conquistas. Poderia ter sido uma história bem maior, mas o momento
se perdeu...
6–Você citou o Sick Terror, não poderia deixar de perguntar, conte como foi
essa experiência de “cadeia na Finlândia” em tour com a banda rsrsrs
Nenê Altro –Há exatos 10 anos atrás,em
2002, eu e o Marcelo Verardi estávamos em tour pela Finlândia com nossa antiga
banda, o Sick Terror, fazendo alguns shows com o RIISTETYT. Estávamos em um
grande mercado e o Verardi não falava uma palavra sequer de inglês. Lá, nessa
época, já tinha muito essa cultura que hoje é comum aqui, de cards gratuitos de
papel por todos os lugares, com datas de show, lançamentos de discos e etc. Mas
na época, pra gente, era bem novidade. E o Marcelo acabou pegando uns postais
dentro desse hipermercado achando que também eram “free”. Em menos de 2 minutos eu escuto ele chamar em português e
vejo ele ser arrastado por dois brutamontes. É claro que, diferente do resto da
galera que saiu rapidamente do mercado e passou a noite bebendo na discoteca,
eu não ia deixar meu amigo pra trás. Cheguei lá dizendo que ia traduzir ele pra
ajudar e ficamos numa sala com um guarda cheio de tattoos nazis que toda vez
que estava sozinho com a gente falava um monte de merda contra latinos. Assim
que a delegada chegou, dissemos que estávamos lá apenas para fazer alguns
shows. Ela pediu o nome de um responsável e dissemos o nome do saudoso Nappi do
Riistetyt e ela respondeu “- Isso não é
nome de gente, é de cachorro!” rsrsrs No final ela conseguiu falar com
alguém do clube onde iríamos tocar para verificar a história, mas estava tarde
demais pra liberar a gente, pois o oficial já havia ido embora para casa. Eu
fui me despedir do Marcelo dizendo que ia ficar na delegacia esperando por ele
até ele ser solto e a delegada me disse “-
Espere um momento, quanto dinheiro você tem no bolso?”. Eu, punk, sem tomar
banho há alguns dias e em tour pela europa, achei que estava cheio da grana e
disse, “- Ah, tenho bastante até, uns 50
euros”hahahaha E ela disse, “-Você
não tem dinheiro suficiente para ficar na Finlândia” e mandou os guardas
removerem a mim e ao Marcelo. Passamos a noite numa cadeia, em celas separadas,
sem ninguém falar uma palavra em inglês com a gente e sendo acordados de meia
em meia hora. Logo pela manhã o Perttu do Riistetyt apareceu bêbado pra buscar
a gente e disse que chamaram o oficial pelo auto-falante que havia um “jovem cheirando a Búfalo” que queria
soltar os brasileiros. Assinamos os papéis e fomos fichados, o Marcelo como
ladrão e eu como indigente. No final da tour o camburão da polícia foi nos
buscar no local combinado e nos levou para Helsinki pra garantir mesmo que
iríamos entrar no avião rsrsrs É legal mencionar que nessa tour o RIISTETERROR (banda
que era metade Sick Terror metade Riistetyt) se reuniu pela última vez em
Tampere para gravar o ep ASEMA Z e que
originalmente esse epse chamaria POSTIKORTTI HARDCORE, ou seja “cartão postal hardcore” devido ao
incidente do mercado hahaha. Nesse epque gravamos contamos com a participação
do lendário Jakke, vocalista do KAAOS, cantando na música Sota OnTulossa (cover
do próprio Kaaos), que acabou sendo seu último registro em vida.
7 – E quanto ao Dance
of Days? Agora com a saída do Tyello da banda, como as coisas vão ficar? Quais
os próximos passos?
Nenê Altro – O Tyello fez e sempre
fará parte da história da banda, pois esteve 12 anos no Dance of Days. E a
saída foi uma opção dele, que já estava cansado das coisas da estrada e quis se
dedicar mais a seu estúdio. Respeitamos seu desejo e continuamos amigos.
Decidimos continuar em 4 pessoas, seguindo a linha que sempre seguimos, de
bandas como Avail, Ramones, 7 Seconds, Descendents, que sempre foram baixo,
guitarra, bateria e vocal, e estamos felizes com isso. Os shows tem sido bons,
fortes, e acho que essa atitude de mantermos a banda como está teve mais a ver
com nossa história e proposta do que colocar um elemento a mais que, acima de
se entrosar com a música teria que ter um entrosamento pessoal “do nada” com a
gente que jamais conseguiria ter, pois nossa amizade ultrapassa uma década. E
os fãs da banda curtiram muito isso, termos ficado só nós quatro. Agora vamos
preparar um disco novo, sem pressa, mas com a ideia de sair no primeiro
semestre de 2013. E vamos ficar na estrada, cada vez mais, pois não vivemos sem
isso.
8 - Pela sua trajetória de vida no meio
punk-underground, dá pra perceber nitidamente que você é um profundo
incentivador da cultura de fanzines, não só incentivador, como também faz
palestras sobre o tema e edita o Pest Zine com 5000 cópias distribuídas
gratuitamente, o que contraria a ideia daqueles que diziam que com a
massificação da internet os zines impressos morreriam... Porque, nos dias de
hoje, em épocas de facebook e twitter, você ainda defende essa bandeira?
Nenê Altro –Eu parto do princípio
que cada zine é uma obra de arte, uma forma autêntica de expressão. É muito diferente uma pessoa escrever um bom
artigo em um blog ou um post bem elaborado em uma rede social do ato de ela
parar, colocar tudo de si em uma folha de papel, recortar, colar, montar sua
expressão com as próprias mãos, com a sua personalidade, xerocar e passar
adiante. Um zine chega em suas mãos como uma boa música, como um bom filme. Eu
não sou contra a internet e os blogs, como muitos erroneamente me
interpretaram, só acho que uma coisa é ser e ter um instrumento de comunicação
ágil e rápido e outra é fazer arte. E essa arte pode ser pessoal, política,
poética... E, o mais importante, não tem censura. O que eu sou contra é as pessoas falarem que
o zine evoluiu para a internet e que é coisa “ultrapassada”, “dos anos 80 e
90”, que “agora não tem sentido”. Sou contra essa postura, pois zine para mim é
e sempre será uma expressão artística e dizer algo assim seria o mesmo que
dizer que “pintar quadros não faz sentido” agora que temos a fotografia digital
e o Photoshop. Sou um amante das artes como forma de expressão, pois nelas eu
vejo o humano do ser que caminha sobre esse planeta. E se eu não acreditasse na
força viva que traz brilho aos olhos desse ser humano, toda minha luta por
liberdade social não faria sentido algum.
9 - Falando em zines, me remeteu aos
seus livros. De todos os livros que já li, seja de literatura dita “marginal”
até medalhões da literatura mundial, eu realmente nunca consegui sentir tanta
carga emotiva, confessional e pessoal em outros livros como senti nos seus
escritos. Pra você, escrever, seja em livros ou letras para suas bandas, é uma espécie
de “exorcismo”, de “por pra fora tudo o que grita no peito” ?
Nenê Altro –Sim, eu sempre digo que
faço música e escrevo por necessidade biológica, porque meu corpo grita por
isso. Acho que deve ser muito frustrante alguém escrever para “ser escritor”,
tentar deixar palavras numa ordem “bonita” para “ser poeta” ou seguir um
caminho determinado para “ser músico”. Eu não sou escritor, não sou poeta e
muito menos músico. Minha profissão é de agitador cultural e organizador de
eventos. Se um dia eu transformasse minha arte numa fórmula eu perderia a
sensação libertadora que ela me traz, que é o que me mantém vivo e me permite
respirar. Essa fase ruim que eu passei em minha vida... eu teria enlouquecido
se não tivesse colocado pra fora nos Funerais do Coelho Branco, no Eurema Elathea,
no 43 Segundos, no Lírios Aos Anjos. A música, a poesia, os desabafos, sempre
foram minhas válvulas de escape. E não me interpretem mal, eu não sou contra
escritores, poetas e músicos, apenas não sou nada disso. Sou só um garoto
imbecil a se repetir rsrsrs
10 - Recentemente o CRASS mudou muito
sua postura e chegou inclusive a remover as suas músicas de sites de download
gratuito. Como você viu isso, sendo que é tão fã da banda?
Nenê
Altro –
Minha história com o CRASS data do final dos anos 80, época em que me envolvi
com o anarco-punk. 20 anos depois, em
2009, resolvi fazer a tattoo da banda no antebraço, pois, independente do que
os membros se tornaram hoje ou do rumo que seguiram em suas vidas individuais,
a atividade que tiveram nos anos gloriosos da banda foi uma influência
fundamental em minha vida. Não me arrependo, faria a tattoo novamente, pra mim
o CRASS fugiu ao controle do que os membros possam fazer ou deixar de fazer
após o final da banda, sua história é propriedade da própria história do punk e
é a isso que me marquei. Não concordo, é claro, com essas coisas que
aconteceram recentemente, mas, desde a entrevista que saiu na Vice deu pra ver
que a coisa já caminhava para esse lado. O que fica foi o que marcou na vida de
cada pessoa influenciada por seu trabalho original, os bons discos, as boas
atitudes e tudo o que foi irreversivelmente construído na vida das pessoas que
tiveram contato com essa essência. Acho que esse é o verdadeiro papel de fã
mesmo de um trabalho como esse, gostar da banda pelo que ela te oferece e não
esperar que seja mais do que é.
11 - E por falar em fãs, sua vida
pessoal sempre foi exposta, aberta, e vi nos últimos anos pela net que muita
gente te criticou por mudar essa postura, por querer ter uma vida mais
reservada, e disseram que isso não deveria mudar suas atitudes “como músico”. O
que pensa disso?
Nenê Altro –Quem acha que minha vida
pessoal não vai mudar minhas atitudes no Dance of Days jamais entendeu a
proposta da banda. Não somos uma banda profissional. Somos amigos querendo se
divertir e eu, desde o começo, uso a banda como forma PESSOAL de expressão. As
pessoas dão mancada comigo, falam mal das minhas coisas por aí, me xingam em
comunidades e esperam que eu tenha “atitudes
profissionais como músico” com elas. Estas realmente nunca entenderam ou
sequer fizeram parte de tudo isso que essa conexão significa. Nunca fomos
profissionais, nunca seremos profissionais, somos vivos e somos gente, carne,
osso e sentimentos, e tudo o que somos é o que move a nossa arte.
12 - Acho que você já
deixou claro sua posição quanto a opiniões várias vezes, não só nas músicas
quanto nos livros rsrsrs
Nenê Altro –Exato. Se eu fosse mover
meus dias de acordo com as opiniões das outras pessoas eu estava fodido!
Ninguém JAMAIS está satisfeito com nada e, quando as pessoas te julgam por algo
pode ter certeza que tem razões 100% pessoais para isso, ou seja, que te apontam
o dedo movidos por suas próprias dificuldades em lidar com mudanças, por suas
expectativas auto-sugeridas e etc. Eu vivo minha vida com sede, com sede de
vida e essa sede só pode ser sanada por minha boca, não pela dos outros. Não
sou artista, sou só alguém como todo mundo, que “gosta de falar e abraçar os amigos”, só tenho uma banda e, da
mesma maneira que as pessoas gostam de minha banda eu gosto do 7 Secondsdesde
moleque e nem por isso me importo com a vida pessoal do Kevin, só com a
sensação boa e única que ouvir uma banda que fala com meu coração, um “walktogether rock together” bem alto,
me traz.
13 - As pessoas sempre vão falar né?
Nenê Altro – Sim, e perdendo tempo
falando elas deixam de viver.
14 - Pra ir encerrando, sobre a Teenager
in a Box, as bandas e coletâneas que você lançou, do início até hoje, de At The
Drive-in a No Class e Deserdados, deve dar uma puta satisfação olhar pra trás e
ver tudo o que você já construiu com esse projeto, né? O que podemos esperar
para o futuro? Novos lançamentos?
Nenê Altro –Sim, a Teenager In a Box
sempre foi a menina de meus olhos, minha Dischord particular. Ficou parada um
tempo porque, se for pensar bem, eu também fiquei parado um tempo, por mais que
lançasse um ou outro disco com minhas bandas nesse período... Quando a Nicolle entrou em minha vida e
batalhou a meu lado dia após dia por minha recuperação, nas longas caminhadas
que tínhamos pela praia eu sempre falava pra ela da Teenager, das coisas legais
que tinha feito e que queria voltar a fazer. Sabe, o “WantSomething” do No
Class, foi um cd todo artesanal, a capa foi uma obra de arte do Tomas Spicolli
que fizemos virar envelopinho, com todo cuidado, o encarte é um zininho, é uma
obra de arte saca? E eu falava pra ela que queria fazer isso, queria dar voz a
mais um Ludovic e abrir caminhos pra mais um Jair Naves. E isso foi fundamental
em meu retorno, tanto que voltamos com o selo como uma “empresa familiar”
rsrsrs A Nicolle é tão ativa hoje quanto eu e fazemos muitas coisas pelo selo,
muitos planos, celebramos conquistas... A Teenager está licenciando para a
Pisces a discografia inteira do Dance of Days que está saindo aos poucos, vamos
lançar mais um livro, com várias passagens de entrevistas que dei desde 1997,
que a Nicolle está separando por assunto e época... Inclusive essa resposta
aqui deve ir pra parte em que falo da Teenager rsrsrs
15 - Jogo rápido:
AMIZADE - Amigos são os que estão ao
seu lado e te apoiam, que te aceitam como você é, independente de suas escolhas
pessoais.Os que não vêmsó pra prestar solidariedade quando você está na merda
mas que comemoram suas conquistas dia após dia.
ESTANTE DE LIVROS – Anarquismo,
poesia, rock, mitologia.
PERFORMANCE DE PALCO – Vai da época,
vai da fase, como eu disse, minha arte é pessoal e não posso me demonstrar
feliz estando triste ou fazer pose de deprimido quando estou adorando a minha
vida. O jeito que sou no palco reflete o que sou em meu dia a dia.
ESTRADA – Vida. Gravar é bom, mas
rock se faz ao vivo.
CINEMA – Político, punk, alemão.
CRÍTICAS – Não existem críticas
construtivas, apenas gente ruim buscando momentos para expressar sua maldade.
Se um trabalho ou obra artística não te agrada faça o seu, pois há lugar no
mundo para todos. Perder tanto tempo assim preocupado em falar sobre o trabalho
dos outros é atestado de incapacidade de fazer algo melhor.
FAMÍLIA – Todos aqueles que te fazem
bem e que você tem prazer em manter por perto. E estes nem sempre são os seus
parentes.
FILHOS – Orientar, escutar,
conversar, defender, mas, acima de tudo, deixar viver.
CAFÉ – Bebo muito. Todos os dias. E
meus amigos também rsrsrs
16- Obrigado Nenê pela atenção e por
sempre apoiar o fanzine Meus Amigos bebem Muito Café! Conte conosco e apareça
pra um café! =)
Nenê Altro –Eu
que agradeço Luis! Para quem quiser saber mais dos projetos da Teenager In a
Box é só acessar o blog teenagerinabox.wordpress.com e para acompanhar a agenda
do Dance of Days é só acessar www.danceofdays.com.br ok? Força sempre!
O que mais me chama a atenção em uma obra é perceber a sensibilidade com a qual ela foi criada. No caso do livro "A umbigada do Mestre Aggêo", escrito por Edgard Santo Moretti, além da sensibilidade que ele imprime na descrição de como teve contato com esta cultura chamada "umbigada"( uma dança folclórica oriunda dos escravos africanos) e com um dos protagonistas dela, o Mestre Aggêo entre outros, o respeito e a paixão pelas histórias de vidas que se entrelaçam em torno da pesquisa feita por ele prendem o leitor do início ao fim!
Uma narrativa que mescla relatos pessoais, história e emoção, que no final resulta num trabalho louvável!
O autor presta de certa forma, uma homenagem singela ao povo, que em sua humildade, na acepção mais nobre do termo, almeja preservar seus costumes, raízes e identidade.Termos estes cada vez mais escassos da sociedade contemporânea tecnicista mas que encontram vida e reflexo em atitudes como a deste projeto realizado pelo escritor, artista plástico e professor junto com a Secretaria de Cultura e Turismo de Barueri.
O processo descritivo do livro e de como o autor corre atrás de informações relativas a umbigada em Barueri é cativante. Por muitas vezes o interlocutor não apenas dialoga com as cenas descritas, mas de certa forma, parece fazer parte delas.
Um tom poético permeia toda a leitura, este é o grande diferencial do livro e que o torna ainda mais próximo de quem tiver a sorte de lê-lo!
Um híbrido de livro-documentário que demonstra uma busca genuína pela valorização do que de fato, possui real valor, trazendo à lembrança personagens ditos "anônimos", mas que possuem tamanha grandeza que jamais devem ser esquecidos!
Por : Luís Perossi
ps: obrigado Carol por me possibilitar a leitura deste trabalho!
Tipo, mais pra constar. Há coisas que dispensam palavras. Againe de volta , dizer o que?
Tim Kinsella , o mentor do Cap N' Jazz ali, a frente do Joan Of Arc, num puta show viajante...
Duas fotos, uma tremida do celular, e outra lá do fundo, pra constar. E já escrevi demais.
againe abrindo pro joan of arc. celular treme na base.
Músico, escritor, professor, ou como costumamos dize na "quebrada", "mil fita".Este é o Edu, figura interessante da cena underground , com o qual troquei um proceder, saquem aí!
De início, porque escolheu este nome
“poesia HARDCORE” como título do seu livro, Eduardo? Aproveitando o contexto,
qual a sua concepção de Hardcore?
O título nos
remete a algo “na veia”, compromissado com tudo que nos faz viver: sexo, drogas
, Rock´n´Roll, filhos, relacionamentos, enfim ... a porra da vida toda. A minha
concepção de Hardcore é algo que tem pegada, “baguio” Punk.
Na contra capa do livro, você tece uma
descrição sobre as formas de se compor poesia, fazendo uma analogia com poetas
e suas maneiras de escrever. Você cita de Beatles até Fernando Pessoa. Qual a
importância destes dois nomes na sua vida e eles exercem algum estímulo ou
influência na sua escrita?
Quando fiz Letras,
fiz, pois queria estudar Fernando Pessoa. Ele só não é maior que o Bardo Inglês
porque escrevia em português. Já os Beatles, inegavelmente, foram os
norteadores das melodias modernas. Como também sou músico amador, eles sempre
estiveram presentes em minha formação musical.
Nota-se um tom bastante confessional em
seus poemas. Ao seu ver, existe uma linha tênue que separa “eu lírico” do autor,
ambos se confundem, ou é apenas um “xaveco” que aprendemos na faculdade e em
manuais de teoria literária?
Você está
presente em tudo o que você escreve. Não há como separar. No entanto, e aí é
que tá a loucura da coisa toda, Você pode inventar. Há autores que pessoalmente
são um pé no saco. Mas sua obra!
Nota-se referências ao Rock em seus
textos. Seja no “HARDCORE” do título ou em sentenças como “Elvis is dead” ou
até mesmo “E que tudo mais vá pro inferno” que também demonstram esta
ligação. Fale sobre estas e outras
referências “rockeiras” em sua obra.
Realmente tenho
essa influência. Percebo que o fã de rock, blues, sambas antigos, ou seja, de
tudo que tenha conteúdo, é mais crítico, exige mais daquilo que lê. É natural
fazer essa transposição para o texto literário. Torquato Neto e Paulo Leminski
já faziam isso.
Me identifiquei em vários aspectos com
seus textos e até com semelhanças como o fato de pertencer ao magistério e
estar inserido em bandas do meio underground. Fale sobre estas suas outras
facetas (professor e músico).
Isso me ajudou
muito quando ingressei no magistério. Estou no palco desde os 17 anos. Quando a
profissão de professor surgiu, aos 25, eu já era craque em entreter as pessoas.
Pois é isso que um professor faz em um primeiro momento: seduzir. Você tem que
convencer a pessoa de que aquilo é o que liga. Mas pra isso, tem que acreditar
também.
Ao me formar, fui pra sala de aula
encantado com as propostas de Paulo Freire, Dermeval Saviani, entre outros.
Sofri um imenso choque, talvez por ainda possuir certa ingenuidade e sonhos, e
me senti de fato, numa guerra onde os exércitos eram bem definidos, de um lado
os reacionários que perpetuam e procuram defender o sistema de todos os modos,
de outro os progressistas, minoria e sem perspectivas. Você como professor,
escritor, músico e cabeça pensante, como enxerga a educação, o ensino público
em nosso país?
Maluco,
infelizmente o ensino público parou no tempo. Fiquei lá 15 anos e nada mudou.
Muitos Professores são heróis, pois trabalham sem as mínimas condições. Um
fator que ajudaria a mudar como os alunos encaram o ensino seria As FAMÍLIAS
TOMAREM VERGONHA NA CARA E ACOMPANHAR O ESTUDO DOS FILHOS. Escola Pública hoje
é depósito de crianças.
Voltando ao seu livro, aspectos como data
e hora, e principalmente localidade de onde foram compostas suas linhas ali
traçadas, me chamaram a atenção. Percebe-se que você passou por muitas daquelas
situações na zona leste de São Paulo. Que lembranças você tem destes lugares?
Nasci na Vila
Formosa, e passei a adolescência na Mooca. Depois morei em Itaquera, A.E.
Carvalho , São Mateus , Brás e estou na Mooca novamente. Iniciei minha carreira
como Professor em São Mateus, Fazenda da Juta, Parque São Rafael, lugares Hardcore.
Onde o couro come. O povo é muito maltratado nesses lugares. Até as vezes pelos
próprios moradores do bairro. O brasileiro precisa adquirir a consciência do
coletivo. “A Lei de Gérson“ é uma merda. Mas é o que nos define.
Em que parte da prateleira nas livrarias
seu livro deve ficar? No de poesias ou no de “literatura marginal”? Aliás, o
que você pensa sobre este termo, e você já leu algum escritor deste “estilo”?
Se sim, quais você destacaria?
O livro pode
ficar no de poesia, pois o conteúdo é marginal. Há um escritor no Rio chamado
Cristiano Onofre que publicou um livro chamado “Câmera Lenta“, bom pra caralho.
O cara tem futuro.
Fiquei sabendo que em pouco mais de um
mês, quase mil cópias do seu livro foram distribuídas, tudo no esquema “faça
você mesmo”. Isto te surpreende você já esperava e quais suas expectativas a
partir de agora?
Fiquei surpreso e
muito feliz. Sei da qualidade do trabalho, afinal convivo com ele há mais de
vinte anos. Mas não esperava tamanha repercussão.
CAPA DO LIVRO POESIA HARDCORE
Qual a reação do público com este seu
trabalho e quem é o publico que você pretende alcançar?
Ler poesia é uma
experiência que você deve ser iniciado. É como aprender a tomar vinho, com uma
boa comida. As reações são diversas. Há aqueles que riem, há aqueles que acham
muito loco. O bom é que ninguém ficou indiferente aos textos.
Analisando a arte da capa, dois aspectos
julguei interessantes. A camiseta que você usa na foto da orelha do livro, e o
retrato de um simpático cão. Buscando um dialogismo BAKHTINIANO, qual sua
intencionalidade ao escolher estes retratos? Para mim é uma clara alusão ao Hardcore
(pela camiseta da banda Atos de Vingança). E certamente este cãozinho tem um
forte significado em sua vida...
A
capa do Livro foi idealizada pelo Marcello Kaskadura, parceiro desde 86. Dei o
título e ele fez a arte. A foto com a camiseta tem essa intenção mesmo.
Originalmente meus dados pessoais ficariam sob a foto do meu cachorro, Milou, e
não haveria nenhuma foto minha. Fiz isso para homenagear meu cão, que não tem
formação acadêmica nenhuma, mas que vai figurar ad eternum como autor do livro. É uma forma de cutucar os literatos
e mandar eles tomarem no cu.
Obrigado Eduardo pela atenção em atender o
fanzine “Meus Amigos Bebem Muito Café”, parabéns pelo livro, pela sua história
na cena underground e, por favor, acrescente o que acha que faltou, mande seu recado!
Cara, as perguntas estavam ótimas. Assim fica fácil.
Parabéns pelo zine e pelo seu público. Até a próxima.
Escaneei direto dos meus arquivos zinísticos uma edição do Pineapple Popsicle fanzine uma entrevista do Againe feita pelo grande Marcelo Viegas.Confiram!!
Conheci o Márcio por acaso no facebook. Ele postou um vídeo do grupo Inquérito " Poucas palavras". Como faço música às vezes, mostrei um som pra ele. Resumindo a história, ao ver as fotos dele no livro "Poucas palavras" de Renam Inquérito, pesquisei e conheci um pouco do seu trabalho. Um cara batalhador, de personalidade forte, e que tem algo a dizer. Com vocês, Márcio Salata e seu "Pogo Fotográfico" !!!!
1-Queria evitar aquele lance clichê de entrevistas, mas não sei se lograrei êxito. Em todo caso lá vai: qual sua primeira memória relativa à fotografia?
O QUE VEM NA MINHA CABEÇA SÃO AQUELES LAMBE LAMBE DE RUA QUE TIRAVA FOTO 3X4 NO CENTRO DA CIDADE DE CAMPINAS NO FINAL DOS ANOS 70,ACHAVA AQUELES CARAS GENIAIS MESMO COM 6 OU 7 ANOS DE IDADE.
2- Um retrato conta uma história e cria um diálogo com quem o observa. O que você deseja “contar” quando dá o click?
DESEJO QUE VEJAM SENTIMENTOS,RAIVA,AMOR,EMOÇÕES E TODO TIPO DE SITUAÇÃO NÃO ESPERADA PELO OBSERVADOR,ATÉ AQUELES QUE NÃO SABE NEM QUE TIPO DE TECNICA QUE FIZ,O QUE ME IMPORTA É REALMENTE TIRAR EXPRESSÕES DE QUEM VÊ UMA FOTO MINHA.
3- Algumas vezes percebo as pessoas discutindo e arrumando tretas homéricas em redes sociais, no tocante a música, fotografia, e demais segmentos artísticos. Muitos reclamam da popularização dos meios. Por exemplo, hoje é bem mais fácil você gravar um som, dá pra fazer em casa no PC, as máquinas digitais estão mais baratas e presentes em boa parte dos telefones celulares, de repente todo mundo é músico, todo mundo é fotógrafos e isso incomoda muitos. O que você pensa sobre isso tudo, caro Márcio? Até que ponto esta visão é genuína e até que ponto é um pensamento elitista?
BOA E DIFÍCIL ESSA PERGUNTA,MAS VAMOS LÁ.
O QUE PENSO É QUE DOM É UMA BENÇÃO,QUE A TECNOLOGIA ESTÁ AI PRA TODO MUNDO,SOU UM PROFISSIONAL DE FOTOGRAFIA E VIVO DISSO E SEI QUE TEM MUITOS QUE ESTÃO AI DE PASSEIO POR MODINHA,O QUE EU VEJO É QUE PENSAM" BASTA APERTAR O BOTÃO E MANJAR DE PHOTOSHOP JÁ SOU UM BOM FOTOGRAFO".
NA ÉPOCA DO FILME OS CARAS FALAVAM ASSIM: "TENHO UM FILME DE 12 POSES" E TE DAVAM UMA CÂMERA MANUAL E TE FALAVAM" ME TRAZ ALGUMA COISA BOA AQUI".NÃO DIGO QUE SOU FODAO OU NÃO. ERRO MUITO,MAS TRAGO COISA BOA AS VEZES.
RESUMINDO QUEM É BOM VAI FAZER AGORA COM A TECNOLOGIA,PORQUE NÃO PODEMOS PARAR NO TEMPO,MAS NÃO SE PODE FURAR OS OLHOS PAGANDO DE FODÃO,TA FALTANDO HUMILDADE E ESTUDO,NÃO É PORQUE VC PODE FAZER UM MONTE DE FOTOS E APAGAR QUE TE TORNA BOM,SEJAMOS MAIS HUMILDES.
4- Observando suas fotos, notei uma forte ligação com o hip-hop. Vi seus trabalhos no livro do Renan Inquérito e a capa da revista Rap Nacional com o Ed Rock. Como foi pra você participar destes projetos envolvendo caras considerados na cultura hip-hop?
MUITO RESPEITO,PORQUE ESSES CARAS TANTO O PREGADOR LUO QUE FIZ TAMBEM UMA CAPA PRA RAP NACIONAL,O EDI ROCK O RENAN INQUERITO,EMICIDA,MARECHAL,SERGIO VAZ,BUZZO,TONI C,O GRAFITEIRO MUNDANO,A LENDA MILTON SALES ENTRE,NDEE NALDINHO E TANTOS OUTROS,SÃO PESSOAS QUE ESTÃO NA BATALHA FAZ ANOS E ESTÃO CONSEGUINDO A MUITO CUSTO QUE SEUS TRAMPOS SEJAM RECONHECIDOS E DIGO O QUANTO EU VEJO QUE É DIFICIL,PORQUE TEM MUITO PRECONCEITO COM O HIP HOP.
ENTÃO TENHO MUITO RESPEITO COM O MANDRAKE QUE ME CHAMA SEMPRE PRA FOTOGRAFAR ESSAS LENDAS.
5- Tô ligado que você manja de música também, além dela estar presente no seu trabalho, ao retratar bandas e grupos de Rap, qual a importância dela na sua vida, e de primeira me cite dois discos que pra você são top.
ENTAO MINHA PRAIA É MAIS O PUNK E O ROCK EM GERAL.
É TIPO ASSIM EU FOTOGRAFO MELHOR E COM MAIS INSPIRAÇÃO QUANDO TEM BANDAS QUE EU NEM CONHEÇO MAIS A PEGADA DOS CARAS NO PALCO ME DA INSPIRAÇÃO E COM BANDAS QUE CONHEÇO,ACHO QUE MEU DEDO E MEUS OLHOS SÃO MOVIDOS PELA MUSICA É TIPO UM POGO FOTOGRAFICO EU REALMENTE ENCARNO ISSO.RSRSRSRS
DUAS BANDAS FODAS QUE SOU FÃ PRIMEIRA E SEUS ÁLBUNS FODAS-------- JOY DIVISION - UNKNOW PLEASURES -1979
E OS AUSTRALIANOS DO THE CHURCH-STARFISH-1988.
CLARO QUE MUITOS OUTROS MAS DE CARA SÃO ESSES QUE SOU FÃ MESMO.
6- Pra fazer uma boa foto, o que é mais importante? Técnica, feeling, uma câmera de última geração ou um olhar diferente?
NÃO VOU FALAR NENHUM CLICHÊ,MAS TODAS ESSAS QUE VC CITOU SÃO FUNDAMENTAIS.
TÉCNICA AJUDA VOCÊ A FAZER UMA FOTO QUE SERIA OBVIA NUMA SITUAÇÃO EM ALGO MAIS ATRATIVO,O FEELING É ALGO Q QUANDO TE FALTA TÉCNICA VOCÊ FAZ E DEPOIS PODE SER UM BOM RECORTE TIPO VOCÊ PODE TER O FEELING NO MOMENTO DA FOTO OU DURANTE A EDIÇÃO ONDE JA INCLUO O OLHAR E CÂMERA SIM É FUNDAMENTAL COM O TEMPO QUE VOCÊ VAI SE APRIMORANDO,PRINCIPALMENTE UMA CÂMERA QUE OPÇÕES DE FOCO MAIS RÁPIDO,ISO ALTO SEM NOISE E QUALIDADE DE IMAGEM, ENTÃO FICA DIFÍCIL TER APENAS UM BOM OLHAR,TEMOS QUE SER REALISTA UMA COISA COMPLEMENTA A OUTRA.
maresias
freira
7-Escolha 4 fotos de sua preferência e fale um pouco sobre cada uma delas.
,A 1° É UM CONTRA LUZ EM MARESIAS QUE FIZ EM PB PORQUE GOSTO MUITO E PORQUE CONTRA LUZ SEMPRE FOI DESAFIO,PRA FOTO NAO FICAR APENAS SOMBRA E SIM VC VER LUZ.
A 2°FOI MINHA PRIMEIRA FOTO DIGNA NA ERA DIGITAL,E FOI PURA SORTE ACHAR ESSA FREIRA TOCA DE ASSIS ANDANDO NO MEIO DE UM CANAVIAL.
A3° É DO PREGADOR LUO NO PARQUE DO IBIRAPUERA.
A 4° É DO MEU PARCERO DIRETOR DE CLIPES VRAS 77.
8- Muito obrigado pela atenção, fiquei extremamente feliz pela sua participação no fanzine “Meus Amigos Bebem Muito Café”. Gostaria que você deixasse seus contatos pra quem quiser conhecer mais do seu trampo, seu recado e já é mano.
Luo
VALEW MESMO PELA OPORTUNIDADE E FANZINE É O TIPO DE ARTE UNDERGROUND QUE RESPEITO MUITO,JÁ QUE FEITA DE FORMA INDEPENDENTE E CULTURAL E ESSA ARTE NÃO MORRA NUNCA.OBRIGADO PELA OPORTUNIDADE SE SOMAR COM MEUS TRAMPOS.ABRAÇOS.
Domingão suave, colei no Inferno Club aqui em sampa pra prestigiar o show de uma banda que tem me chamado à atenção tem algum tempo, o Asfixia Social. Valeu muito a pena, os caras mandaram ver um som de atitude, com letras inteligentes e uma mescla interessantíssima de elementos como trompete ( era um trompete, né? ) tambores pique Nação Zumbi, um baixista pique Suicidal Tendencies ( o mano do Metallica agora) um guitarrista insano, bateria competente e dois vocais no estilo hip-hop.
Asfixia Social em ação
Pode-se buscar referências com os já citados Nação Zumbi, mas o Asfixia Social vai muito mais além, algumas passagens puramente hardcore na linha Ratos de Porão , outras pendem mais ao ska remetendo à alguns momentos do Dog eat Dog. Isso tudo de citar bandas é só pra traçar um paralelo com outras e pra quem não conhecer o som, fazer um desenho estético mental do que é o trampo da Asfixia, eles não copiam e sim, desenvolvem algo que com pontos de contato com demais estilos e grupos, produzem algo bem deles. Uma ponta até saudosista, ao me lembrar da extinta banda Ox Frog, anos 90 de Santo André, que fazia um mix semelhante ao que o Asfixia Social faz. O set da banda foi curto, ate porque várias outras bandas ainda tocariam, foi a festa da banda Oitão que completa 4 anos de formação. Sabe o que é mais legal fora o ótimo trabalho que uma banda como o Asfixia Social faz? é a banda ter uma postura séria.
Asfixia Social que acaba de lançar um vinil
Não ficar pagando de malvado como alguns fazem, respeitar público, semelhantes, e saberem o que de fato é hardcore ou seja lá o nome que você queira dar. Não tem coisa mais patética do que grupos que buscam auto afirmação em cima de uma porra de palco.No punk eu aprendi que não existe o pedestal que muitos colocam entre banda e público, é todo mundo igual.Quer pagar de estrela e superior, de faz e acontece, vai na xuxa, toca com Luan Santana, sei lá, faz outra coisa. E por ser totalmente avesso a tudo isso que eu disse, o Asfixia Social conquistou mais um um fã. Vale citar o lance do vinil que acabou de sair, feito na gringa ein?Além do show fudido dos caras ( veja alguns trechos aqui ). A boa surpresa da noite foi o grupo Macgaren, uma espécie de Atari Teenage Riot do gueto , com samplers de Pantera e Faith No More. Rap com dj e vocais até crust no meio, surreal e bem energético. Ainda conferi o veterano Tatola à frente do nem Liminha Ouviu + Não Religião.Covers de clássicos como Fellini e Muzak e alguns hits do Não Religião fizeram a alegria dos presentes.Tive que ir embora e não vi o Oitão, mas outras oportunidades virão. Até a próxima então amigos e amigas.
Segunda Virada Cultural que presenciei. Para quem desconhece, é um evento com ZILHÕES de atividades culturais, shows, teatro, freak show, stand up comedy, luta livre, tudo o que você imaginar , que acontece na cidade de São Paulo todo ano e já faz parte do calendário cultural. Nesta edição, só pude comparecer aos shows do domingo, e cheguei até com uma lista do que iria ver, e para minha surpresa, vi 99% do que queria, faltou Mercenárias, não consegui localizar, não sei se marquei errado, enfim, perdi.Acho que para fãs de rock Underground, foi sensacional. A lenda Pin Ups, banda que tocava o coração até do saudoso Kurt Cobain, já estava mandando ver seu rock visceral as oito e pouca da manhã. Fiquei reparando na performance da Eliane "Repentina",pago um pau quando vejo alguém tocar do jeito dela, com pegada e vontade, puro rock. Ainda deu tempo de conferir o Carneiro, do grande Mickey Junkies mandar um som com eles. Era pra ter foto, mas ainda estou aprendendo a lidar com esta nova câmera, e TODAS as fotos do Pin Ups saíram em branco. Filmei mas o som ficou horrível pela câmera, e no PC o som não sai, enfim, desculpem-me.
De lá corri pro palco do Suicidal Tendencies. Fudido, emocionante, petardos clássicos na sequencia e um dos públicos mais insanos que já presenciei, sem palavras!! Também não tenho fotos decentes hahahhaha, fiquei longe mas se liguem nessa tirada com o celular toscão, só pra ver qualé:
O som tava com uma qualidade boa, e o telão funcionou ao contrário do ano passado no Misfits. Achei um vídeo do show de hoje cedo no youtube e coloquei aqui.
SUICIDAL TENDENCIES VIRADA CULTURAL SP 2012
Corremos então pra conferir o De Falla. Edu K, Biba Meira e cia mandaram o rock gaúcho "chinelão" e "bagaceira" mais underground do universo. Achei o público meio frio, ou eu que me empolgo demais com o De Falla, sei lá, banda que mudou minha vida, e abriu minha mente para diversos tipos de som. Rap, Trash, funk melody, hardcore, e a insanidade de sempre do Edu K. Mandaram "Caminha que aqui é de Osasco", "Help" dos Beatles, que eu só havia escutado na versão do Cd "Top Hits", onde quem canta é o Tonho Crocco. Sai quando rolava a emblemática canção "Repelente". Vejam algumas fotos!
De falla
De falla
E agora esse vídeo:
A meta agora era o Titãs. Acompanhei disco a disco a banda até o álbum "domingo", a partir dali deu uma brochada monstra e meio que desencanei. mas agora com esse show especial do Cabeça Dinossauro, deu uma empolgada! Multidão absurda, o som nem chegava direito onde eu tava, mas certamente, junto com o Suicidal Tendencies foram os grandes shows deste rolê.Olha um vídeo aí do Titãs :
Ainda dei uma conferida no final do show do Killi, lindo ver a Mariana cantando novamente, e do tempo que cheguei até o fim, mandaram vários hits.
KILLI
Encerrando tudo as 17:00 sobe no palco o Dance Of Days.Puta show, puta vibe, galera insana agitando, e o Nenê Altro carismático como sempre, dando o recado certo pra molecada e pra todo mundo.Um set enxuto e sem firulas, direto ao ponto e a galera cantando TODAS canções juntas.
Veja aqui um trecho do show que peguei no youtube, já que a minha filmagem ta sem áudio:
A banda está no auge, e é sensacional sacar que tá entrosada e sente tesão de tocar, este ano promete um novo álbum, vamos ver. Eu vejo muita gente falando mal da virada, eu vejo pontos positivos e pontos ruins, vejo que ela é usada como propaganda política inclusive, mas foda-se, vamos usar o sistema e falar mal dele num evento que ele mesmo realiza hahahhaa. eleições estão aí, FIQUEM ATENTOS IRMÃS E IRMÃOS.