domingo, 23 de novembro de 2014

MATINÊ HARDCORE COM NUCLEAR FROST, FUTURO, ORNITORRINCOS (POA), TERMINAL NATION e STAND ACCUSED

O que dizer quando você tem a oportunidade de ver a banda que um amigo que trocava cartas contigo com selo de 0,01 cents te apresentou?
O cenário do rolê foi a famosa casa Matilha Cultural, em São Paulo, onde os gaúchos portunhois do grupo de rock boladão Ornitorrincos deram o ar se sua graça com a energia contagiante de um show divertido e entusiasmado.
A saber: o Ornitorrincos eu conheci pelo meu parça Guilherme, que eu não via há anos e que hoje toca na própria Ornitorrincos. Ele me gravou uma fita k7 na época, e eu pirei na viagem dos caras e no modo de cantar, com um dialéto very crazy que parecia, mas não era, espanhol.

Quando cheguei já tinha rolado uma das bandas eu acho, ou não tocaram? (Stand Accused)Não sei, só sei que foi assim. A primeira banda que vi portanto foi o  dueto Terminal Nation , que fez um set rápido e raivoso, não conhecia a banda.
Nuclear Frost: devastação total!

Ao contrário do Nuclear Frost, que eu já tinha escutado algo e ouvido falar, mas nunca tinha reparado com atenção. Nada melhor do que conhecer direito vendo-os ao vivo. Caralh#, que apresentação devastadora!! Aquele metalzão punk que a gente gosta, a gente ama, a gente pira, a gente gama! s2 Clima de festa, união, e aquela atmosfera que me lembrou os rolês antigos de punk/hc que eu colava. Como é legal esta vibe! E foi nesse  mesmo clima que rolou a apresentação da Ornitorrincos.
Ornitorrincos: festa e alegria!!

Ninguém parado, punk rock blackflaguiano com aquele lance very crazy gauchês.
O Gui ofereceu a música dos correios pra mim, grande emoção rapá!

Fechando, a banda Futuro mandou ver num punk com pitada de anos 80, skate, e muitas referências diversas se você prestar bem atenção. Momentos altos: cover do Violeta de Outono(!!!!!) e participação do Kalota ( Ex-Point of No Return, e hoje no O Inimigo).
Futuro: punk com direito a versão louca de Violeta de Outono!

Eu creio que de todos os lugares que vamos,  trazemos algo pra casa, não digo coisas materiais, mas abstratas muitas vezes. Desta vez, pra casa, levei a feliz lembrança de rever pessoas de milianos, trombar os amigsx, uma camiseta e um vinil da Ornitorrincos ( Rolou um zine foda também que o Gui faz, o Outono ou Nada, vale a pena) e aquele sentimento bom dentro do peito.
Only Punks Are Pretty - poster em exposição no evento

As fotos tosquinhas captei pelo cel, o vídeo da Ornitorrincos é do Rogério Art Till Death.
Voltem logo, Ornitorrincos! =) 'A distância é só um detalhe' .

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Varsóvia: um disco sensacional e a capa de "autoria desconhecida"

Lembro que era uma fita Basf, daquelas pretas com rótulo alaranjado, que imperava na década de 70. Creio que em suas gravações de origem, havia algum disco no “rei” Roberto Carlos, ou alguma trilha internacional de novela global que meu saudoso pai havia gravado. Fato é que a situação da tal fita não era das melhores. Com quase duas décadas de vida e regravada zilhões de vezes, ela ainda teve impressa em seu magnetismo, uma apresentação ao vivo da banda Zero na rádio 89 FM de São Paulo, a famosa Rádio Rock, e no final do lado B uma música que se tornou das mais importantes da minha vida, mas a canção era de outra banda e se chamava Noites. O impacto de tal canção na vida de um pirralho de 5/6 anos, foi imensa.

Flyer da época - fonte: http://www.geocities.ws/EnchantedForest/Palace/9638/varsovia.htm 
Era o Varsóvia, o grupo do ABC paulista que destoava de toda a cena punk local dos anos 80, ao optar em seguir um caminho sonoro mais sombrio, como aquele trilhado pelo seu grande mote inspirador, o Joy Division, que como muitos sabem, se chamou Warsaw ( traduzindo : Varsóvia), no começo da carreira.

Fonte imagem: http://www.geocities.ws/EnchantedForest/Palace/9638/varsovia.htm 
O motivo que me levaria a escrever este post na verdade, era o fato de eu ter comprado há menos de um mês atrás, o vinil, lacrado e zerado, do grupo Varsóvia, na icônica loja Baratos Afins, lá nas Grandes Galerias, no centro histórico de São Paulo.
Até que uma dúvida quase tirou o meu sono ( quase). A história foi mais ou menos assim:  em um dos meus trabalhos como redator, sugeri para um cliente como pauta, algumas capas de discos que dariam estampas legais para camisetas. Essa ideia surgiu principalmente por eu querer fazer uma camiseta do Varsóvia para eu mesmo usar, haja vista que acho a arte da capa muito significativa. 
Capa do LP de 86/87 
Pelo fator tempo e por não ter encontrado a informação primordial para incluir a capa do Varsóvia neste trabalho, acabei deixando-a de fora do “top 10” que entrou no artigo. Tentei alguns contatos, até que um deles me indicou o baterista da banda, via Facebook. O Sr. Dario Brait.
A informação que eu buscava era básica, simples, e (até então) desconhecida: quem era o artista por trás da capa deste vinil - que eu finalmente, após anos e anos, ouvindo aquela música no final de uma fita k7 “podre”, e posteriormente um CD de 97 com material produzido pela banda entre 85 e 89- ?
Scaneei essa foto  que está inserida na parte inferior do estojo do CD 1985/1989
E foi o próprio Dario que me respondeu:
Caro Perossi, obrigado pela lembrança.
A arte original da capa do "LP" é um trabalho do artista plástico João Batista, na época (1986) também professor da Escola Panamericana.  Foi inspirada num fragmento de um trabalho mais extenso realizado por ele.  Usamos o fragmento original na capa do CD lançado em 1997. Abraço.
Esmiuçando alguns textos na internet, eu percebi que “vacilei”, pois na história da banda, escrita pelo vocalista Fábio (http://nocturnalbh.tripod.com/musica/nacionais/Varsovia.htm), ele cita o João Batista como autor da capa do vinil. Na pressa, deixei passar.  No encarte do CD também consta tal informação, porém, eu não conseguia encontra-lo em meio as bagunças. Mea culpa.
contra-capa do vinil 
Sobre o álbum, Varsóvia foi gravado em 1986, têm 10 faixas, e só foi lançado em 1987 via o selo independente Ataque Frontal, com a produção de Redson (Cólera). A demora no lançamento foi decorrente de uma crise no setor de papel na época, acredite se quiser!
Não consigo citar só um ou outro destaque, todas as canções deste Long Play merecem destaque, seja pela atmosfera “dark” e “obscura”, seja pela estética poética das letras, e até mesmo pela sonoridade post-punk, que muito embora dialogue com as bandas desta escola, têm seus próprios e merecidos méritos.
A capa do CD

A canção mais famosa, "Noites", de autoria de Roberto Stelzer, ganhou uma versão recentemente na voz de Tatola Godas (Não Religião/ 89 FM ), com o projeto/banda "Nem Liminha Ouviu".

Se você é um pouco mais jovem que eu e pira em Interpol, por exemplo, vale a pena dar uma sacada no trabalho do Varsóvia e entender que há muito tempo atrás, já havia bandas com esta sonoridade aqui no país.
E enquanto alguns dizem que o rock está morto, e outros se dizem os salvadores do mesmo, a singela canção do Varsóvia diz uma das maiores verdades que você ouvirá em toda sua vida:
“Não adianta acreditar em heróis, é tão vulgar...”.
Imagens extraídas do encarte do CD
Há indícios de que a banda irá lançar novo material. Recentemente eles se reuniram e fizeram shows. Confira no documentário a seguir. Me despeço aqui ouvindo a primeira faixa do lado A deste incrível disco, a canção Para Todo o Sempre. Paz e café. 


Ps: Gracias ao Renne Santos pela indicação e contato do Dario Brait =)
Ps2: Acabei de encontrar 2 sons "novos" ( ao menos nos últimos 2 anos) no SoundCloud da banda. Algo como um single. As faixas são "Lucidez" e "1985".

Texto por Luís Perossi.