sábado, 23 de junho de 2012

ENTREVISTA: EDUARDO DEFEBO

Músico, escritor, professor, ou como costumamos dize na "quebrada", "mil fita".Este é o Edu, figura interessante da cena underground , com  o qual troquei um proceder, saquem aí!


De início, porque escolheu este nome “poesia HARDCORE” como título do seu livro, Eduardo? Aproveitando o contexto, qual a sua concepção de Hardcore?
O título nos remete a algo “na veia”, compromissado com tudo que nos faz viver: sexo, drogas , Rock´n´Roll, filhos, relacionamentos, enfim ... a porra da vida toda. A minha concepção de Hardcore é algo que tem pegada, “baguio” Punk.
Na contra capa do livro, você tece uma descrição sobre as formas de se compor poesia, fazendo uma analogia com poetas e suas maneiras de escrever. Você cita de Beatles até Fernando Pessoa. Qual a importância destes dois nomes na sua vida e eles exercem algum estímulo ou influência na sua escrita?
Quando fiz Letras, fiz, pois queria estudar Fernando Pessoa. Ele só não é maior que o Bardo Inglês porque escrevia em português. Já os Beatles, inegavelmente, foram os norteadores das melodias modernas. Como também sou músico amador, eles sempre estiveram presentes em minha formação musical.
Nota-se um tom bastante confessional em seus poemas. Ao seu ver, existe uma linha tênue que separa “eu lírico” do autor, ambos se confundem, ou é apenas um “xaveco” que aprendemos na faculdade e em manuais de teoria literária?
Você está presente em tudo o que você escreve. Não há como separar. No entanto, e aí é que tá a loucura da coisa toda, Você pode inventar. Há autores que pessoalmente são um pé no saco. Mas sua obra!
Nota-se referências ao Rock em seus textos. Seja no “HARDCORE” do título ou em sentenças como “Elvis is dead” ou até mesmo “E que tudo mais vá pro inferno” que também demonstram esta ligação.  Fale sobre estas e outras referências “rockeiras” em sua obra.
Realmente tenho essa influência. Percebo que o fã de rock, blues, sambas antigos, ou seja, de tudo que tenha conteúdo, é mais crítico, exige mais daquilo que lê. É natural fazer essa transposição para o texto literário. Torquato Neto e Paulo Leminski já faziam isso.
Me identifiquei em vários aspectos com seus textos e até com semelhanças como o fato de pertencer ao magistério e estar inserido em bandas do meio underground. Fale sobre estas suas outras facetas (professor e músico).
Isso me ajudou muito quando ingressei no magistério. Estou no palco desde os 17 anos. Quando a profissão de professor surgiu, aos 25, eu já era craque em entreter as pessoas. Pois é isso que um professor faz em um primeiro momento: seduzir. Você tem que convencer a pessoa de que aquilo é o que liga. Mas pra isso, tem que acreditar também.
Ao me formar, fui pra sala de aula encantado com as propostas de Paulo Freire, Dermeval Saviani, entre outros. Sofri um imenso choque, talvez por ainda possuir certa ingenuidade e sonhos, e me senti de fato, numa guerra onde os exércitos eram bem definidos, de um lado os reacionários que perpetuam e procuram defender o sistema de todos os modos, de outro os progressistas, minoria e sem perspectivas. Você como professor, escritor, músico e cabeça pensante, como enxerga a educação, o ensino público em nosso país?
Maluco, infelizmente o ensino público parou no tempo. Fiquei lá 15 anos e nada mudou. Muitos Professores são heróis, pois trabalham sem as mínimas condições. Um fator que ajudaria a mudar como os alunos encaram o ensino seria As FAMÍLIAS TOMAREM VERGONHA NA CARA E ACOMPANHAR O ESTUDO DOS FILHOS. Escola Pública hoje é depósito de crianças.
Voltando ao seu livro, aspectos como data e hora, e principalmente localidade de onde foram compostas suas linhas ali traçadas, me chamaram a atenção. Percebe-se que você passou por muitas daquelas situações na zona leste de São Paulo. Que lembranças você tem destes lugares?
Nasci na Vila Formosa, e passei a adolescência na Mooca. Depois morei em Itaquera, A.E. Carvalho , São Mateus , Brás e estou na Mooca novamente. Iniciei minha carreira como Professor em São Mateus, Fazenda da Juta, Parque São Rafael, lugares Hardcore. Onde o couro come. O povo é muito maltratado nesses lugares. Até as vezes pelos próprios moradores do bairro. O brasileiro precisa adquirir a consciência do coletivo. “A Lei de Gérson“ é uma merda. Mas é o que nos define.
Em que parte da prateleira nas livrarias seu livro deve ficar? No de poesias ou no de “literatura marginal”? Aliás, o que você pensa sobre este termo, e você já leu algum escritor deste “estilo”? Se sim, quais você destacaria?
O livro pode ficar no de poesia, pois o conteúdo é marginal. Há um escritor no Rio chamado Cristiano Onofre que publicou um livro chamado “Câmera Lenta“, bom pra caralho. O cara tem futuro.
Fiquei sabendo que em pouco mais de um mês, quase mil cópias do seu livro foram distribuídas, tudo no esquema “faça você mesmo”. Isto te surpreende você já esperava e quais suas expectativas a partir de agora?
Fiquei surpreso e muito feliz. Sei da qualidade do trabalho, afinal convivo com ele há mais de vinte anos. Mas não esperava tamanha repercussão.
CAPA DO LIVRO POESIA HARDCORE
Qual a reação do público com este seu trabalho e quem é o publico que você pretende alcançar?
Ler poesia é uma experiência que você deve ser iniciado. É como aprender a tomar vinho, com uma boa comida. As reações são diversas. Há aqueles que riem, há aqueles que acham muito loco. O bom é que ninguém ficou indiferente aos textos.
Analisando a arte da capa, dois aspectos julguei interessantes. A camiseta que você usa na foto da orelha do livro, e o retrato de um simpático cão. Buscando um dialogismo BAKHTINIANO, qual sua intencionalidade ao escolher estes retratos? Para mim é uma clara alusão ao Hardcore (pela camiseta da banda Atos de Vingança). E certamente este cãozinho tem um forte significado em sua vida...
A capa do Livro foi idealizada pelo Marcello Kaskadura, parceiro desde 86. Dei o título e ele fez a arte. A foto com a camiseta tem essa intenção mesmo. Originalmente meus dados pessoais ficariam sob a foto do meu cachorro, Milou, e não haveria nenhuma foto minha. Fiz isso para homenagear meu cão, que não tem formação acadêmica nenhuma, mas que vai figurar ad eternum como autor do livro. É uma forma de cutucar os literatos e mandar eles tomarem no cu.
Obrigado Eduardo pela atenção em atender o fanzine “Meus Amigos Bebem Muito Café”, parabéns pelo livro, pela sua história na cena underground e, por favor, acrescente o que acha que faltou, mande seu recado!
Cara, as perguntas estavam ótimas. Assim fica fácil. Parabéns pelo zine e pelo seu público. Até a próxima.


sábado, 2 de junho de 2012

AGAINE 1998

Escaneei direto dos meus arquivos zinísticos uma edição do Pineapple Popsicle fanzine uma entrevista do Againe feita pelo grande Marcelo Viegas.Confiram!!



sexta-feira, 1 de junho de 2012

Entrevista com o fotógrafo Marcio Salata.

Conheci o Márcio por acaso no facebook. Ele postou um vídeo do grupo Inquérito " Poucas palavras". Como faço música às vezes, mostrei um som pra ele. Resumindo a história, ao ver as fotos dele no livro "Poucas palavras" de Renam Inquérito, pesquisei e conheci um pouco do seu trabalho. Um cara batalhador, de personalidade forte, e que tem algo a dizer. Com vocês, Márcio Salata e seu "Pogo Fotográfico" !!!!



1-Queria evitar aquele lance clichê de entrevistas, mas não sei se lograrei êxito. Em todo caso lá vai: qual sua primeira memória relativa à fotografia?
 
O QUE VEM NA MINHA CABEÇA SÃO AQUELES LAMBE LAMBE DE RUA QUE TIRAVA FOTO 3X4 NO CENTRO DA CIDADE DE CAMPINAS NO FINAL DOS ANOS 70,ACHAVA AQUELES CARAS GENIAIS MESMO COM 6 OU 7 ANOS DE IDADE.

2- Um retrato conta uma história e cria um diálogo com quem o observa. O que você deseja “contar” quando dá o click?
 
DESEJO QUE VEJAM SENTIMENTOS,RAIVA,AMOR,EMOÇÕES E TODO TIPO DE SITUAÇÃO NÃO ESPERADA PELO OBSERVADOR,ATÉ AQUELES QUE NÃO SABE NEM QUE TIPO DE TECNICA QUE FIZ,O QUE ME IMPORTA É REALMENTE TIRAR EXPRESSÕES DE QUEM VÊ UMA FOTO MINHA.

3- Algumas vezes percebo as pessoas discutindo e arrumando tretas homéricas em redes sociais, no tocante a música, fotografia, e demais segmentos artísticos. Muitos reclamam da popularização dos meios. Por exemplo, hoje é bem mais fácil você gravar um som, dá pra fazer em casa no PC, as máquinas digitais estão mais baratas e presentes em boa parte dos telefones celulares, de repente todo mundo é músico, todo mundo é fotógrafos e isso incomoda muitos. O que você pensa sobre isso tudo, caro Márcio? Até que ponto esta visão é genuína e até que ponto é um pensamento elitista?

BOA E DIFÍCIL ESSA PERGUNTA,MAS VAMOS LÁ.
O QUE PENSO É QUE DOM É UMA BENÇÃO,QUE A TECNOLOGIA ESTÁ AI PRA TODO MUNDO,SOU UM PROFISSIONAL DE FOTOGRAFIA E VIVO DISSO E SEI QUE TEM MUITOS QUE ESTÃO AI DE PASSEIO POR MODINHA,O QUE EU VEJO É QUE PENSAM" BASTA APERTAR O BOTÃO E MANJAR DE PHOTOSHOP JÁ SOU UM BOM FOTOGRAFO".
NA ÉPOCA DO FILME OS CARAS FALAVAM ASSIM: "TENHO UM FILME DE 12 POSES" E TE DAVAM UMA CÂMERA MANUAL E TE FALAVAM" ME TRAZ ALGUMA COISA BOA AQUI".NÃO DIGO QUE SOU FODAO OU NÃO. ERRO MUITO,MAS TRAGO COISA BOA AS VEZES.
RESUMINDO QUEM É BOM VAI FAZER AGORA COM A TECNOLOGIA,PORQUE NÃO PODEMOS PARAR NO TEMPO,MAS NÃO SE PODE FURAR OS OLHOS PAGANDO DE FODÃO,TA FALTANDO HUMILDADE E ESTUDO,NÃO É PORQUE VC PODE FAZER UM MONTE DE FOTOS E APAGAR QUE TE TORNA BOM,SEJAMOS MAIS HUMILDES.

 
4- Observando suas fotos, notei uma forte ligação com o hip-hop. Vi seus trabalhos no livro do Renan Inquérito e a capa da revista Rap Nacional com o Ed Rock. Como foi pra você participar destes projetos envolvendo caras considerados na cultura hip-hop?

MUITO RESPEITO,PORQUE ESSES CARAS TANTO O PREGADOR LUO QUE FIZ TAMBEM UMA CAPA PRA RAP NACIONAL,O EDI ROCK O RENAN INQUERITO,EMICIDA,MARECHAL,SERGIO VAZ,BUZZO,TONI C,O GRAFITEIRO MUNDANO,A LENDA MILTON SALES ENTRE,NDEE NALDINHO E TANTOS OUTROS,SÃO PESSOAS QUE ESTÃO NA BATALHA FAZ ANOS E ESTÃO CONSEGUINDO A MUITO CUSTO QUE SEUS TRAMPOS SEJAM RECONHECIDOS E DIGO O QUANTO EU VEJO QUE É DIFICIL,PORQUE TEM MUITO PRECONCEITO COM O HIP HOP.
ENTÃO TENHO MUITO RESPEITO COM O MANDRAKE QUE ME CHAMA SEMPRE PRA FOTOGRAFAR ESSAS LENDAS.
 
5- Tô ligado que você manja de música também, além dela estar presente no seu trabalho, ao retratar bandas  e grupos de Rap, qual a importância dela na sua vida, e de primeira me cite dois discos que pra você são top.
 
ENTAO MINHA PRAIA É MAIS O PUNK E O ROCK EM GERAL.
É TIPO ASSIM EU FOTOGRAFO MELHOR E COM MAIS INSPIRAÇÃO QUANDO TEM BANDAS QUE EU NEM CONHEÇO MAIS A PEGADA DOS CARAS NO PALCO ME DA INSPIRAÇÃO E COM BANDAS QUE CONHEÇO,ACHO QUE MEU DEDO E MEUS OLHOS SÃO MOVIDOS PELA MUSICA É TIPO UM POGO FOTOGRAFICO EU REALMENTE ENCARNO ISSO.RSRSRSRS
DUAS BANDAS FODAS QUE SOU FÃ PRIMEIRA E SEUS ÁLBUNS FODAS-------- JOY DIVISION - UNKNOW PLEASURES -1979
E OS AUSTRALIANOS DO THE CHURCH-STARFISH-1988.
CLARO QUE MUITOS OUTROS MAS DE CARA SÃO ESSES QUE SOU FÃ MESMO.

6- Pra fazer uma boa foto, o que é mais importante? Técnica, feeling, uma câmera de última geração ou um olhar diferente?

NÃO VOU FALAR NENHUM CLICHÊ,MAS TODAS ESSAS QUE VC CITOU SÃO FUNDAMENTAIS.
TÉCNICA AJUDA VOCÊ A FAZER UMA FOTO QUE SERIA OBVIA NUMA SITUAÇÃO EM ALGO MAIS ATRATIVO,O FEELING É ALGO Q QUANDO TE FALTA TÉCNICA VOCÊ FAZ E DEPOIS PODE SER UM BOM RECORTE TIPO VOCÊ PODE TER O FEELING NO MOMENTO DA FOTO OU DURANTE A EDIÇÃO ONDE JA INCLUO O OLHAR E CÂMERA SIM É FUNDAMENTAL COM O TEMPO QUE VOCÊ VAI SE APRIMORANDO,PRINCIPALMENTE UMA CÂMERA QUE OPÇÕES DE FOCO MAIS RÁPIDO,ISO ALTO SEM NOISE E QUALIDADE DE IMAGEM, ENTÃO FICA DIFÍCIL TER APENAS UM BOM OLHAR,TEMOS QUE SER REALISTA UMA COISA COMPLEMENTA A OUTRA.
maresias

freira

7-Escolha 4 fotos de sua preferência e fale um pouco sobre cada uma delas.


,A 1° É UM CONTRA LUZ EM MARESIAS QUE FIZ EM PB PORQUE GOSTO MUITO E PORQUE  CONTRA LUZ SEMPRE FOI DESAFIO,PRA FOTO NAO FICAR APENAS SOMBRA E SIM VC VER LUZ.
A 2°FOI MINHA PRIMEIRA FOTO DIGNA NA ERA DIGITAL,E FOI PURA SORTE ACHAR ESSA FREIRA TOCA DE ASSIS ANDANDO NO MEIO DE UM CANAVIAL.
A3° É DO PREGADOR LUO NO PARQUE DO IBIRAPUERA.
A 4° É DO MEU PARCERO DIRETOR DE CLIPES VRAS 77.

8- Muito obrigado pela atenção, fiquei extremamente feliz pela sua participação no fanzine “Meus Amigos Bebem Muito Café”. Gostaria que você deixasse seus contatos pra quem quiser conhecer mais do seu trampo, seu recado e já é mano.
Luo


VALEW MESMO PELA OPORTUNIDADE E FANZINE É O TIPO DE ARTE UNDERGROUND QUE RESPEITO MUITO,JÁ QUE FEITA DE FORMA INDEPENDENTE E CULTURAL E ESSA ARTE NÃO MORRA NUNCA.OBRIGADO PELA OPORTUNIDADE SE SOMAR COM MEUS TRAMPOS.ABRAÇOS.



E O TWITTER 

https://twitter.com/#!/EInverno